Como preparar seu filho
Novo ensino médio: será que muita coisa vai mudar para seu filho?
Você já deve ter ouvido falar no novo ensino médio (NEM). Trata-se de um projeto do governo federal, que foi […]
23/12/2021 | POR Colégio Santo Agostinho
Colaborou com este post:
Taís Tomaz
Educadora do Colégio Santo Agostinho - Belo Horizonte
Você já deve ter ouvido falar no novo ensino médio (NEM). Trata-se de um projeto do governo federal, que foi aprovado em 2017, e deve ser implementado nas escolas públicas e privadas a partir de 2022 de forma progressiva.
O novo modelo foi elaborado a partir da Medida Provisória (MP) 746/2016, que foi transformada em lei (13.415/2017). Essa lei altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9394/96) e apresenta mudanças estruturais para o ensino médio.
A nova modalidade deve ser concluída nas três séries do ensino médio até 2024. Entre as principais mudanças está previsto um aumento de carga horária, de 800 para, no mínimo, 1000 horas, com base no modelo de ensino integral defendido pela Base Nacional Curricular Comum (BNCC), em que também estão descritas as diretrizes curriculares do novo ensino médio.
Se você ainda não conhece o que é o novo ensino médio e quais as determinações da BNCC, neste material apresentamos o NEM, suas configurações, as mudanças que ele apresenta e como deve funcionar o modelo de ensino integral conforme a Base Nacional Curricular.
O que é o Novo Ensino Médio?
O novo ensino médio é uma proposta de reforma do ensino médio que visa alterar não só a formação curricular dos estudantes, como também a organização escolar e estrutura pedagógica.
A ideia é flexibilizar o ensino de disciplinas de núcleo duro nessa fase escolar, focando em uma formação em múltiplas dimensões do aluno. Dessa forma, a proposta busca corresponder às demandas da sociedade, de modo a preparar melhor os alunos para as várias possibilidades de vivências profissionais, coletivas e interpessoais que eles possam ter.
Além da visão ampla que o aluno passa a ter de várias temáticas que dialogam com a realidade fora dos muros escolares, o novo ensino médio também busca dar mais autonomia ao aluno na escolha de uma carreira, desde esse período. Assim, o NEM orienta não só a formação regular como uma formação profissional.
Como a BNCC entende o Ensino Médio
A BNCC prevê diretrizes para as três fases da educação básica: infantil, fundamental e médio. Para o ensino médio, as diretrizes foram aprovadas em 2018, trazendo orientações para elaboração dos currículos dos sistemas e redes de ensino com propostas pedagógicas para escolas de todo o Brasil, tanto para instituições públicas quanto privadas.
Antes, o ensino médio tinha como disciplinas listadas por lei obrigatoriamente, para os 3 anos, português, matemática, artes, educação física, filosofia e sociologia. Com a BNCC, apenas as disciplinas de língua portuguesa e matemática seguem obrigatórias no currículo.
Além disso, os demais complementos do ensino serão alimentados por áreas de conhecimento e itinerários informativos.
Com estes itinerários, os estudantes poderão escolher uma área para aprofundar os conhecimentos ao longo do ensino médio, seja para o aprofundamento acadêmico em uma ou mais áreas do conhecimento, seja para a formação técnica e profissional.
Assim, o documento defende que o ensino médio, como etapa final da educação básica, deve estruturar-se para oferecer ao aluno aprendizagens que correspondam às suas demandas e aspirações presentes e futuras, atendendo às necessidades de formação integral em várias dimensões, não só a intelectual.
Quais mudanças a reestruturação do ensino médio promete?
Como mencionado, a estruturação do NEM foi postulada pela BNCC a fim, também, de corresponder às rápidas transformações na dinâmica social contemporânea nacional e internacional, em grande parte decorrentes do desenvolvimento tecnológico. Dessa forma, as escolas devem estar comprometidas com a educação integral dos estudantes e com a construção de seu projeto de vida.
Na prática, a BNCC prevê para o ensino médio que 60% dos conteúdos sejam estudados correspondam às normas BNCC, no que foi chamado de áreas de conhecimentos, em substituição às disciplinas. Os demais 40% ficam dedicados às áreas específicas que o aluno deve escolher entre os itinerários formativos.
Áreas de Conhecimento
A diretriz atual da base organiza o currículo do ensino médio por áreas de conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Cada área do conhecimento tem competências específicas definidas e em acordo com as competências das áreas do Ensino Fundamental, com ajustes necessários às especificidades de formação dos estudantes do Ensino Médio. A ideia é dar continuidade a uma formação que iniciou no ensino fundamental.
Essas competências específicas do Ensino Médio também devem orientar a proposição e o detalhamento dos itinerários formativos relativos a essas áreas.
Cada competência, por sua vez, está relacionada a habilidades que devem ser desenvolvidas ao longo do ensino médio, além das habilidades obrigatórias de Língua Portuguesa e Matemática que foram mantidas no novo modelo.
Conforme BNCC, cada área deve contemplar:
- Linguagens e suas tecnologias: ampliar a autonomia, o protagonismo e a autoria nas práticas de diferentes linguagens, bem como na identificação e na crítica aos diferentes usos das linguagens, explicitando seu poder no estabelecimento de relações; na apreciação e na participação em diversas manifestações artísticas e culturais; e no uso criativo das diversas mídias.
- Matemática e suas tecnologias: Ampliar o leque de recursos para resolver problemas mais complexos, que exigem maior reflexão e abstração. Também deve possibilitar que os alunos construam uma visão mais integrada da Matemática com outras áreas do conhecimento e da aplicação da Matemática à realidade.
- Ciências da Natureza e suas Tecnologias: Esta área trata a investigação como forma de engajamento dos estudantes na aprendizagem de processos, práticas e procedimentos científicos e tecnológicos, e promove o domínio de linguagens específicas, o que permite aos estudantes analisar fenômenos e processos, utilizando modelos e fazendo previsões.
- Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: propõe o aprofundamento e a ampliação da base conceitual e dos modos de construção da argumentação e sistematização do raciocínio, com base em procedimentos analíticos e interpretativos.Os estudantes e suas experiências como jovens cidadãos devem estar no centro do aprendizado, sendo estimulados a realizarem leitura de mundo sustentada em uma visão crítica e contextualizada da realidade.
Formação geral Básica
Ainda conforme a BNCC, as áreas de conhecimento devem contemplar a formação geral básica, sem prejuízo da integração e articulação das diferentes áreas do conhecimento, estudos e práticas de:
I – língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas línguas maternas;
II – matemática;
III – conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil;
IV – arte, especialmente em suas expressões regionais, desenvolvendo as linguagens das artes visuais, da dança, da música e do teatro;
V – educação física, com prática facultativa ao estudante nos casos previstos em Lei;
VI – história do Brasil e do mundo, levando em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia;
VII – história e cultura afro-brasileira e indígena, em especial nos estudos de arte e de literatura e história brasileiras;
VIII – sociologia e filosofia;
IX – língua inglesa, podendo ser oferecidas outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade da instituição ou rede de ensino
Itinerários Formativos
Como explicado, os itinerários serão formações em áreas específicas de conhecimento, de formação técnica, profissional e também focadas na mobilização de outras competências e habilidades que não estejam previstas nas áreas obrigatórias, sendo que a oferta de diferentes itinerários formativos pelas escolas deve considerar a realidade local, entre outros fatores.
A BNCC descreve o itinerários do seguinte modo:
- Linguagens e suas tecnologias: aprofundamento de conhecimentos estruturantes para aplicação de diferentes linguagens em contextos sociais e de trabalho, estruturando arranjos curriculares que permitam estudos em línguas diversas;
- Matemática e suas tecnologias: aprofundamento de conhecimentos estruturantes para aplicação de diferentes conceitos matemáticos em contextos sociais e de trabalho, estruturando arranjos curriculares que permitam estudos em resolução de problemas e análises complexas, funcionais e não-lineares,dentre outros;
- Ciências da natureza e suas tecnologias: aprofundamento de conhecimentos estruturantes para aplicação de diferentes conceitos em contextos sociais e de trabalho, organizando arranjos curriculares que permitam estudos em astronomia, meteorologia, física geral, clássica, molecular, quântica e mecânica, dentre outros;
- Ciências humanas e sociais aplicadas: aprofundamento de conhecimentos estruturantes para aplicação de diferentes conceitos em contextos sociais e de trabalho, estruturando arranjos curriculares que permitam estudos em relações sociais, modelos econômicos, processos políticos, dentre outros;
- Formação técnica e profissional: desenvolvimento de programas educacionais inovadores e atualizados que promovam efetivamente a qualificação profissional dos estudantes para o mundo do trabalho, objetivando sua habilitação profissional tanto para o desenvolvimento de vida e carreira quanto para adaptar-se às novas condições ocupacionais e às exigências do mundo do trabalho contemporâneo.
O que significa o ensino médio em tempo integral?
Como pudemos observar até aqui, o novo ensino médio corrompe a forma engessada com que se pensa, ou pensava, a educação nessa fase escolar.
Com a nova estrutura, o aluno terá a possibilidade de vislumbrar e se preparar melhor para uma carreira profissional, flertando, por assim dizer, de forma mais sistemática, com as áreas que mais lhe interessam.
Para dar conta de uma formação regular intercambiada com os itinerários formativos, foi preciso propor também um aumento de carga horária, passando de 2400h para 3000h, das quais 1200 serão dedicadas a essa formação profissional mencionada.
Tudo isso vai possibilitar que os alunos escolham itinerários formativos de acordo com seu interesse, projetos de vida e de carreira. Afinal, o aumento do tempo na escola disponibilizar mais recursos para os alunos se aprofundarem em conhecimentos específicos que vão agregar valor na decisão sobre seu futuro profissional.
Além disso, as escolas poderão promover atividades que incentivem a cooperação, a resolução de problemas, o desenvolvimento de ideias, o pensamento crítico, a compreensão e o exercício da empatia.
Tudo alinhado com as prerrogativas da BNCC que apresenta o modelo de ensino integral na perspectiva da formação completa do aluno, em que é preciso haver uma visão singular, mas também plural e integral da criança e do adolescente, oferecendo um ensino que seja capaz de dialogar com sua realidade e atender às demandas sociais do meio em que esse aluno vive.
Agora que sabemos como funciona o novo ensino médio, baixe o nosso Infográfico Ensino Tradicional x Ensino por Competências: diferenças e vantagens.