Aprendendo a aprender
Quais os benefícios das metodologias ativas para a aprendizagem
As metodologias ativas são práticas que tornam o estudante protagonista de sua própria aprendizagem. Saiba mais!
16/05/2023 | POR Colégio Santo Agostinho
Colaborou com este post:
Gisele Duarte
Supervisora pedagógica no Colégio Santo Agostinho - Unidade Nova Lima
O professor entra em sala de aula. Os alunos estão enfileirados para ouvir atentamente o que ele tem para explicar durante a próxima hora. O educador, que já preparou o que será lecionado, tem total controle do que será colocado no quadro, e os alunos permanecerão ali, ouvindo, anotando e aprendendo. Essa cena reflete um modelo de educação bastante tradicional e que boa parte de nós teve, mas que, nos últimos anos, vem sendo melhorado com as chamadas metodologias ativas de aprendizagem.
Nesse novo modelo, o aluno sai daquele papel de ouvinte passivo e assume, de forma ativa e autônoma, o seu processo de aprendizagem, entendendo que, por meio da resolução de problemas reais, aprende de forma interdisciplinar.
Neste conteúdo, vamos trazer os principais tópicos sobre metodologias ativas e explicar como elas podem melhorar o processo de ensino-aprendizagem com diferentes alternativas. Confira!
O que são metodologias ativas?
Existem várias práticas de metodologias ativas. Todas elas buscam colocar o estudante como protagonista do processo de ensino aprendizagem, e o professor passa a atuar como um facilitador na educação.
Gisele Duarte, coordenadora do Programa Educação em Tempo Integral do Colégio Santo Agostinho – Unidade Nova Lima, explica que, ao se apropriar de metodologias ativas, o professor se torna um verdadeiro facilitador do processo de aprendizagem do estudante, deixando de ser o único detentor do conhecimento. Segundo ela, é urgente a necessidade dessa inserção de novas práticas, para que a escola consiga cumprir o papel de promover uma aprendizagem alinhada às demandas da nova sociedade.
“O grande foco das metodologias ativas é que elas deixam de lado aquele caráter repetitivo que tínhamos e passam a trabalhar com o foco na real aprendizagem. Nelas, os professores inserem determinadas situações-problema para que o estudante atue na busca de uma solução baseada em conteúdos estabelecidos”, explica a coordenadora.
Dessa forma, quando o professor consegue propor uma metodologia clara, com objetivos adequados, o estudante passa a atuar e a pensar dentro da sua própria forma de aprender, considerando que todos nós aprendemos de formas diferentes.
Exemplos de metodologias ativas
Para explicar melhor essas práticas educacionais, separamos algumas das metodologias ativas que vêm sendo mais presentes nas salas de aula:
Pedagogia de projeto
A pedagogia de projeto é uma das metodologias ativas que parte da resolução de problemas reais. Ela permite a construção de uma perspectiva de diálogo, possibilitando que o professor e os estudantes construam uma nova aprendizagem enquanto sujeitos ativos, autônomos, criativos e responsáveis.
Gisele exemplifica uma prática dessa pedagogia de projeto: “Imagine que o tema é o lixo. O que é possível apreender com o descarte de resíduos? É possível apreender sobre características de diferentes materiais presentes em objetos de uso cotidiano, sua origem, modos como são descartados e como podem ser usados de forma mais consciente. É possível entender também os processos de decomposição de materiais e, principalmente, sobre os comportamentos da sociedade, dentre outros assuntos e conteúdos mais. Dessa forma, a partir de uma determinada situação do cotidiano, temos a oportunidade de dar sentido à aprendizagem de conteúdos de diversas áreas do conhecimento”.
Sala de aula invertida
A sala de aula invertida é uma das metodologias ativas que tem ganhado destaque quando pensamos em inovação pedagógica. Nesse modelo, o professor indica assuntos para que os estudantes busquem conhecer mais sobre eles em casa, seja on-line ou nos livros, e usem a sala de aula para discutir, em grupos ou individualmente, aspectos do tema indicado.
Dessa forma, o professor se torna um tutor e a sala de aula vira o local de interação e resolução de problemas e dúvidas.
Nesse exemplo, a coordenadora ressalta que a sala de aula invertida é uma excelente metodologia para fazer o estudante não só se interessar e dar sentido à aula, mas também participar efetivamente dela, o que beneficia a construção de seu aprendizado juntamente com seus pares.
Rotação por estações
“Nessa metodologia, o professor divide a sala em pequenos grupos. Cada um desses grupos vai estudar em uma estação diferente, como: computador, livro didático ou tablet. Cabe ao professor fornecer assistência para os grupos de acordo com os objetivos de cada um, levando-os a avançar”, explica Gisele Duarte.
Além disso, é possível perceber que, para um mesmo problema dado, são encontradas maneiras diferentes para resolvê-lo, devido à capacidade de cada um dos grupos de interpretar a questão e formular hipóteses de solução.
Ensino híbrido
O ensino híbrido é a junção do formato presencial e do on-line. Nesse modelo, o estudante tem contato com o professor, mas conta com uma série de conteúdos e atividades para serem realizadas de forma remota, como videoaulas e exercícios interativos em ambientes virtuais de aprendizagem.
Com o ensino híbrido, é possível construir uma maneira personalizada de ensinar e, assim, elaborar aulas que sejam mais interessantes para a pluralidade dos estudantes, conduzindo o avanço do processo de aprendizagem. “É preciso compreender a forma como cada aluno aprende. O foco das metodologias ativas é na aprendizagem e não na repetição, por isso, o ensino híbrido é uma excelente prática”, ressalta a coordenadora.
Gamificação
A gamificação é uma metodologia ativa que trabalha com atividades lúdicas para promover a interação, o conhecimento e a arte de lidar com desafios.
Assim como nos jogos, analógicos ou eletrônicos, essas atividades possibilitam que o estudante crie técnicas próprias para enriquecer seu próprio processo de aprendizagem. A promoção de um ambiente desafiador estimula os alunos em sua busca por conhecimento e a conquista de seus objetivos.
Por que trabalhar com metodologias ativas?
O psiquiatra norte–americano William Glasser, em seu livro “Teoria da Escolha. Uma Nova Psicologia de Liberdade Pessoal”, relata que os estudantes aprendem de diversas formas, que poderiam ser medidas assim:
- 10% lendo;
- 20% escrevendo;
- 50% observando e escutando;
- 70% discutindo com outras pessoas;
- 80% praticando;
- 95% ensinando.
Dessa maneira, as práticas que estão incluídas exclusivamente nas metodologias ativas (discutindo, praticando e ensinando) são consideradas as mais eficientes para o aprendizado dos estudantes.
Assim, a aplicação dessas práticas traz um novo caráter para a formação dos alunos, que ainda experienciam benefícios como:
- maior autonomia e confiança;
- tornar-se mais preparados para resolver problemas;
- protagonizar o seu aprendizado.
“Ainda é comum encontrar estudantes que têm muito conhecimento em determinados assuntos, mas não conseguem interligar tudo isso e estabelecer relações com as outras disciplinas para ter um entendimento mais amplo. As metodologias ativas são, hoje, o melhor caminho para o aluno ter uma aprendizagem global e mais significativa”, conclui a coordenadora.
Todos em prol de uma educação melhor
Quando falamos em metodologias ativas, o ponto principal é compreender que o objetivo é construir a autonomia e a confiança para que o estudante se torne o protagonista do seu aprendizado.
Embora essa ideia possa parecer diferente para algumas pessoas em um primeiro momento, essas práticas têm conseguido entregar resultados cada vez melhores na formação dos estudantes e também em suas vidas.
“Temos um longo caminho a percorrer. Muitos pais e alunos ainda consideram somente as notas obtidas ao final do ano letivo para qualificar os resultados da educação. Até mesmo por conta da formação que tiveram. Estamos trabalhando na mudança desse foco para deixar mais claro aos responsáveis que existem outros métodos, mais modernos e efetivos, de se identificar o nível de aprendizagem do estudante. A nota ainda é um indicador de fracasso ou sucesso que está enraizado na nossa cultura. É preciso que haja uma verdadeira transformação do paradigma da educação”, finaliza a coordenadora.
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Comentários
6 comentários.
Já utilizo a metodologia ativa em minhas aulas particulares a vários anos e os resultados são alunos motivados e com um grau de compreensão incrível. Vamos divulgar mais este método que torna a aprendizagem prazerosa e dinâmica.
Excelente o texto, precisamos urgente nos qualificar enquanto educadores para as metodologias ativas. O processo ensino aprendizagem se tornará mais significativo não só para os alunos e alunas mas para nós também.
textos básico e com bom conteúdo
Muito bom! Diante dos desafios que enfrentamos diariamente, utilizar metodologias ativas tornará o processo de ensino/aprendizagem mais leve e possibilitará o envolvimento do estudante.
Excelente material. Gostei muito das metodologias, e concordo que o mundo já mudou e temos que educar nossos filhos para viverem neste novo mundo.