Educar para transformar
Educação Infantil: como será no futuro?
A educação infantil foi certamente o segmento mais impactado pela pandemia. Mas como será a educação das crianças daqui para frente?
22/09/2020 | POR Colégio Santo Agostinho
Colaborou com este post:
Fabiana Viana
Supervisora da Educação Infantil ao 2º Ano do Ensino Fundamental do Colégio Santo Agostinho - Contagem
A professora de educação infantil liga a câmera do seu notebook e verifica se o microfone está funcionando. Aos poucos, as crianças vão entrando na sala de aula virtual. Alguns dos pequenos estão acompanhados do pai ou da mãe, como é possível ver nas imagens, e outros estão sozinhos em seus quartos. A professora inicia aquele tempo conversando com algumas das crianças, procurando saber como elas estão, enquanto o mosaico de imagens das câmeras vai se formando com a entrada dos demais alunos na plataforma on-line.
Esse cenário, que até pouco tempo parecia distópico, tornou-se a realidade diária das escolas, inclusive na educação infantil. E o que se tem visto é o aperfeiçoamento contínuo das formas de ensinar, aprender e, sobretudo, a ampliação da compreensão do que sejam as interações e as brincadeiras.
Dessa forma, a distância entre as famílias e as escolas diminuiu drasticamente e muitos pais estão conhecendo de perto como é a vivência dos filhos na sala de aula. Por outro lado, a sala de aula tem representado esse espaço mais amplo e aberto que agrega, além dos pais, avós, tios e irmãos responsáveis em acompanhar as crianças pequenas em suas lives. O que tem sido mais marcante, contudo, é o inevitável afastamento dos pequenos estudantes de seus amigos e a necessidade dos pais conciliarem – ainda mais – o tempo do trabalho, a rotina doméstica e o tempo com os filhos.
Essa realidade e outros questionamentos compõem as recentes preocupações daqueles que se dedicam à educação infantil e provocam a ampliação das abordagens metodológicas e das concepções que as orientam. O objetivo desse artigo é apresentar algumas reflexões sobre o futuro da educação infantil. Confira!
A importância da educação infantil na formação do estudante
Para Fabiana Viana, supervisora da Educação Infantil do Colégio Santo Agostinho – Unidade Contagem, as experiências que as crianças pequenas vivem na escola são fundamentais para seu desenvolvimento e garantem em grande medida as aprendizagens próprias dos demais anos escolares.
“Na educação infantil procuramos garantir experiências de aprendizagem fundamentais para a vida de qualquer pessoa, como: saber dialogar, ouvir, dar a vez, respeitar o próximo, aprender a viver em comunidade, desfrutar de forma consciente dos espaços comuns, dividir o que é seu, entre outras habilidades”, ressalta a supervisora.
Dessa forma, a educação infantil tem a oferecer e a promover não apenas as habilidades necessárias à aprendizagem da língua escrita ou da matemática. Há um conjunto de outras experiências que devem ocorrer por meio de interações e brincadeiras.
É por isso que na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) houve um destaque para os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento:
- Conviver
- Brincar
- Participar
- Explorar
- Expressar
- Conhecer-se
Por aí vemos que o currículo que deve ser vivenciado junto às crianças pequenas é muito mais amplo do que decifrar sílabas ou identificar números.
A tecnologia como aliada na sala de aula
Atualmente, a tecnologia tem feito parte da vida das crianças desde muito cedo. Elas podem até não saber ler, mas já sabem que aquele ícone vermelho as leva para o YouTube. Lá estão os conteúdos que elas querem ver.
Essa é uma das evidências por que na sociedade moderna os pequenos estão sendo chamados de nativos digitais. Eles nascem, crescem e amadurecem interagindo diariamente com diferentes tecnologias e interfaces digitais.
Sendo assim, não poderíamos esperar outra coisa como resultado senão a incorporação desses recursos, essenciais no contexto atual, às práticas em sala de aula. Vistas com resistência por parte de muitos educadores, agora, as novas tecnologias se tornaram o principal recurso para a realização das aulas e contato com as crianças pequenas.
Para a supervisora Fabiana, as próprias crianças já têm se mostrado habituadas a essas novas situações.
“Aqui no Colégio, por exemplo, tivemos um exercício em que as nossas crianças do primeiro ano estudaram poesias, escolheram versos para serem recitados. Assim, gravaram em vídeo sua apresentação e disponibilizaram na nossa plataforma para os outros colegas. Isso é muito interessante se pararmos para pensar que podemos usar as plataformas e as interfaces digitais como recursos que potencializam as experiências de sala de aula. Nesse caso, ao invés de trabalharmos situações hipotéticas, criamos um contexto real de comunicação. Isso porque as plataformas têm nos ajudado também a organizar e gerir as atividades que ocorrem em casa. Assim, nos são reenviadas posteriormente para o acompanhamento das aprendizagens”, ressalta.
Segundo ela, é preciso buscar soluções presentes na cibercultura. Realizar uma leitura crítica das possibilidades nela presentes e procurar usar esse tipo de experiência como material educativo, referindo-se, por exemplo, ao Tik Tok e Stories, como ponto de partida e material de estudo como os vídeos mencionados anteriormente.
Projeções para o futuro
Não muito tempo atrás, imaginar um modelo que fugisse do tradicional, com o professor lecionando na frente da turma e com os estudantes enfileirados na sala de aula, era algo muito distante. Afinal, esse modelo funciona assim há pelo menos 500 anos. Pais, tios e avós, todos estudaram nesse formato. Então, por que mudar?
O distanciamento social causado pela pandemia gerou um verdadeiro choque de realidade. A mudança de mentalidade foi necessária.
Se antes os responsáveis deixavam a criança na escola para se encontrarem somente horas depois, neste novo cenário, os pais foram levados para dentro da sala de aula e precisaram fazer parte do processo de mediação que antes era conduzido exclusivamente pelo professor. Agora, os pais precisam assistir às aulas com os filhos ou, pelo menos, ficarem próximos ao computador, para garantir que tudo corra bem.
Não há dúvidas de que a educação on-line passará a fazer parte da educação infantil. Nem os alunos, nem seus pais e professores voltarão à experiência do ensino presencial da mesma forma que antes.
A educação on-line provocou a introdução das novas tecnologias na educação infantil e também permitiu que os professores ampliassem as possibilidades de suas práticas para cativar ainda mais a atenção de seus alunos.
As crianças poderão voltar a encontrar os coleguinhas, mas com novos aprendizados e com a tecnologia fazendo parte do dia a dia da escola. Para isso, fazemos algumas projeções:
Ambientes virtuais
Para Fabiana, é claro que, no futuro, o que viveremos como educação on-line não demandará a presença constante dos pais, como tem sido no momento atual. Será possível manter e criar ambientes ricos de aprendizagem lançando mão daquilo que existe de bom e adequado na cibercultura para crianças pequenas.
“A educação infantil não voltará ao status em que estava antes. Isso porque os ambientes virtuais de aprendizagem nos ajudaram muito, por meio de atividades, troca de informações e da maior compreensão dos alunos e de suas experiências de aprendizagem”, esclarece.
Relação família e escola
Foi possível perceber uma grande aproximação dos responsáveis com as escolas, e isso é um ganho enorme para a educação infantil.
Essa troca de informações sobre as experiências e percepções das crianças e de seus pais sobre os processos de ensino-aprendizagem qualificou ainda mais o diálogo entre as duas partes educativas e gerou ganhos para ambos os lados.
Sala de aula… com pais?
A transferência temporária das salas de aula para as casas fez muitos pais relembrarem os seus tempos de escola. E esse também foi um aspecto que gerou muitas conversas com a equipe pedagógica, pois as escolas atuais colocam em movimento práticas e metodologias diferentes daquelas que foram vividas pelos pais.
“A educação mudou. Isso porque os projetos pedagógicos não contemplam mais apenas os aspectos básicos da matemática e do português, como muitos pais viveram no passado. Com as aulas on-line, foi preciso informar aos pais que existem formas de ensinar mais eficientes e adequadas, e também outros conhecimentos necessários de serem construídos e apropriados pelas crianças pequenas”, esclarece a supervisora.
Além disso, foi preciso reforçar que, nas formas atuais de ensinar e aprender, dar voz às crianças, deixando-as participar das aulas ativamente, é um princípio primordial.
Educação infantil e uma maior importância com as habilidades socioemocionais
A convivência presencial é algo que não se pode retirar do processo educativo das crianças. Podemos dizer até que essa foi a maior perda que a pandemia trouxe para o segmento da educação infantil.
Por meio desse convívio é que os pequenos interagem, vivenciam situações de cooperação e de conflito e também desenvolvem suas habilidades emocionais.
Assim, se antes, conhecer e controlar as emoções era algo fora dos planos de ensino das escolas. Agora, a hora é de focar na inteligência emocional. O desenvolvimento dessa habilidade se tornou fundamental para educar crianças socioambientalmente responsáveis, solidárias e autônomas. Dessa forma, as instituições do futuro precisarão levar as habilidades socioemocionais a outro patamar!
Para você, como será a educação infantil no futuro?
Nesse conteúdo, vimos que a pandemia acelerou em muitos anos o uso das tecnologias na sala de aula. Embora tudo tenha acontecido de maneira muito rápida – para conseguir dar continuidade aos estudos -, está sendo possível aprender e aperfeiçoar muitas coisas, até mesmo na educação infantil.
A expectativa é que nos próximos anos possamos colocar em prática o aperfeiçoamento dessas tecnologias juntamente com as atividades presenciais para garantir que a educação infantil consiga cumprir o seu papel pedagógico de preparar crianças para viverem na nossa casa comum.
Para você, como será a educação infantil daqui alguns anos? Compartilhe com outros pais e mães e vamos juntos cuidar e educar nossas crianças. Aproveite e assine a nossa newsletter para receber outros conteúdos como este diretamente em seu e-mail. Até o próximo artigo! 🙂
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Comentários
2 comentários.
São novos tempos de fato! Mas nada está perdido! Tudo é crescimento e aprendizado! Seguimos juntos! Escola e família de mãos dadas sempre!